.estado de poesia
Desde que assisti a uma palestra do Miguel Falabella na qual ele cita ilhas de sensibilidade para deixarmos nossas vidas mais felizes, comecei a olhar pro mundo de uma maneira, digamos, artística.
Sou completamente contra positividade tóxica, acho um desserviço a humanidade quem cisma em dar o sorriso condescendente e manda olhar para o lado positivo quando você não quer ver nenhum lado. Não.
Mas,, a maternidade - sim, ela de novo - me deixou um pouco mais romântica com a vida. De novo, continuo zero a vendo em cor de rosa. Sei muito bem que ela é cinzérrima, aquele cinza de lapiseira ruim. Só que como as coisas com a minha filha tem passado muito rápido, estou sendo obrigada a apreciar os pequenos e belos momentos. Os chamados extraordinariamente ordinários:
o dia que dei uma cambalhota para ensinar a ela como faz (pra que meu Deus) e cai da cama.
o dia que ela tomou sorvete de casquinha pela primeira vez e consegui sentir o prazer estático em seus olhos. Ela simplesmente paralisou de alegria.
o dia que ela começou a me chamar de mãe ao invés de mamãe durante o dia todo (graças a Deus acabou logo essa palhaçada).
o dia que ela pediu para vestir a fantasia de sereia pela primeira vez.
o dia que ela pediu para voar.
o dia que ela passou batom na boca do vovô.
o dia que ela colocou o próprio edredom na máquina de lavar roupa porque queria ajudar.
o dia que quis ficou repetindo “não quero acordar”, com preguiça na cama e eu nunca me senti tão conectada.
o dia que foi pra escola pela primeira vez.
o dia que a gente ficou juntas fazendo chamego e cosquinha uma na outra.
Esses dias não tiveram absolutamente nada demais. A gente acordou, tomou café, escovou os dentes, fez os afazeres diários, jantou, tomou banho e enrolou para dormir igual a todos os outros dias. Porém, tivemos alguns momentos de poesia que arrancaram suspiros.
Na vida de todo mundo acontece isso. Só que a gente não repara. Muito menos pára um segundo e aprecia. John Lennon escreveu com mais propriedade do que eu - obviamente - sobre isso. Contudo, quem se apropriou com sabedoria foi o saudoso Ferris Buller:
A vida passa rápido. Já estamos velando o dia de ontem. Os detalhes do cotidiano morrem todos os dias: a escola que não existe mais para matar saudade, o neném que cresceu e não cabe mais nas pernas, a viagem que ficou no passado e que, mesmo se você voltar para o mesmo lugar, as pessoas e o clima não serão as mesmas.
É imperativo, necessário, quase que obrigatório parar e reparar nos detalhes extraordinariamente ordinários da vida.
Este tema: o registro dos momentos de poesia da vida tem sido uma constante na minha vida. Acabei dando vazão a ele criando não um, não dois, mas três livros de memórias, personalizados com a poesia de cada um. Já faz mais de 1 ano que estou trabalhando nesse projeto e dia 1/2 finalmente o coloquei no ar.
Apresento a vocês: Mannú - o manuscrito da sua vida. Por eu acreditar que todas as nossas vidas tem muitos momentos de poesia que merecem ser registrados, quis transformar essas histórias em livros. Mannú são livros personalizados com a história de cada pessoa. Começamos com histórias infantis - e de maternidade, claro - mas já está a caminho o Mannú para os 60+ e Mannú para adultos. Eu escrevi o enredo de 3 livros e aí a gente personaliza com os detalhes da vida da pessoa. É bem legal, pelo menos, todo mundo que vê adora. Confesso, no entanto que ao lançar o projeto estou com um misto de medo com alegria. O famoso frio na barriga de colocar a cara a tapa. De qualquer maneira, é um projeto que fiz para mim, então se não der em nada, pelo menos a minha vida já virou livro. 3, no caso.
Se quiser saber mais, vem cá no meu site:
Tomara que você queria fazer um Mannú para você também! Ah, segue a gente no insta: mannu.vc.
a gente precisa aprender a valorizar mais o que é extraordinariamente ordinário, em vez de ficar perseguindo apenas o extraordinário.
Que demais! Parabéns! Vida longa a Mannu!